…nossas construções são só um rodapé do infinito…
Silvina Lopes Rodrigues
A casa que tem o nº 18 da rua Castro Matoso em Coimbra, é uma casa.
Continua a ser uma casa, desenhada para ter quartos, casa de banho, sala, cozinha.
Tem muitos mais anos de vida como lugar para a arte do que teve quando terá sido habitada enquanto casa. Tempo do qual não há memória. Mas que persiste enquanto lugar de que a arte se apropria.
Já não tem quartos, sala, cozinha. Todo o espaço pode ser lugar para exposições. Mas é o facto de ter sido casa que potencia a experiência estética. Que cria o lugar a partir do qual as coisas acontecem.
Já ninguém sabe onde terão ido parar as portas daquelas salas onde agora a arte se expõe.
A privacidade daqueles espaços abre-se a todos, num lugar que não se habita, mas que se assume como metáfora de toda a habitação, de todo o habitar. Mas sem habituação, porque renovado pelo olhar de cada artista que temporariamente o habita.
Como agora a Cláudia Renault o faz, artista que, pela primeira vez lhe procura devolver as portas.
Como pistas para este texto a própria artista me sugere as palavras: portas, abrir, fechar, passagens, aberturas, caminhos, ligações, travessia, desconhecido, relações, ligações, direções, rumos, futuro, infinito.
Porque aquelas portas já não são as portas que aquela casa teve. Ou serão as portas daquela casa, mas depois de darem a volta ao mundo, de se transfigurarem, de sucessivamente assumirem a forma das outras portas que encontram.
Portas de regresso a casa.
Portas que são outras.
Portas que já são todas as portas.
António Olaio
Coimbra, 14 novembro 2014
…nossas construções são só um rodapé do infinito…
Silvina Lopes Rodrigues
A casa que tem o nº 18 da rua Castro Matoso em Coimbra, é uma casa.
Continua a ser uma casa, desenhada para ter quartos, casa de banho, sala, cozinha.
Tem muitos mais anos de vida como lugar para a arte do que teve quando terá sido habitada enquanto casa. Tempo do qual não há memória. Mas que persiste enquanto lugar de que a arte se apropria.
Já não tem quartos, sala, cozinha. Todo o espaço pode ser lugar para exposições. Mas é o facto de ter sido casa que potencia a experiência estética. Que cria o lugar a partir do qual as coisas acontecem.
Já ninguém sabe onde terão ido parar as portas daquelas salas onde agora a arte se expõe.
A privacidade daqueles espaços abre-se a todos, num lugar que não se habita, mas que se assume como metáfora de toda a habitação, de todo o habitar. Mas sem habituação, porque renovado pelo olhar de cada artista que temporariamente o habita.
Como agora a Cláudia Renault o faz, artista que, pela primeira vez lhe procura devolver as portas.
Como pistas para este texto a própria artista me sugere as palavras: portas, abrir, fechar, passagens, aberturas, caminhos, ligações, travessia, desconhecido, relações, ligações, direções, rumos, futuro, infinito.
Porque aquelas portas já não são as portas que aquela casa teve. Ou serão as portas daquela casa, mas depois de darem a volta ao mundo, de se transfigurarem, de sucessivamente assumirem a forma das outras portas que encontram.
Portas de regresso a casa.
Portas que são outras.
Portas que já são todas as portas.
António Olaio
Coimbra, 14 novembro 2014
Organização
Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
Produção
Cláudia Paiva
Mariana Abrantes
Montagem
Claudia Renault e equipa:
Engenheiro Neto
Secretariado
Ivone Antunes
Texto
António Olaio
Arquivo e Biblioteca
Cláudia Paiva
Direção de Arte
Artur Rebelo
Lizá Ramalho
João Bicker
Design Gráfico
unit-lab, por
Francisco Pires e Marisa Leiria