É esta a prática do contemporâneo: o afastamento do lado mais empírico da praticidade, do resultado final, certo e nominável.
Com a morte anunciada das disciplinas artísticas e o estabelecimento do dispositivo foucaultiano como denominador comum à criação artística, as hierarquias são quebradas em função de objetos (neste caso) capazes de remeter simultaneamente para diferentes campos, servindo-se das expansões e das crises para presentear o espectador com corpos mutantes como este: estranho à primeira vista, mas familiar pela ancestralidade. Afinal, a escultura e o desenho habitam a humanidade desde sempre.
Diogo Pimentão (Lisboa, 1973) procura, na sua obra, a cristalização do momento entre, do intersticial. Numa recusa por uma hierarquia estabelecida entre o bidimensional e o tridimensional, o artista opera entre o desenho e a escultura, oscilando entre o desenho escultórico e a escultura desenhada, sem atracar propriamente em nenhuma dessas definições. Num caminho denotadamente minimal, a obra deste artista convoca o corpo pela sua imanência — não o representando, depende dele.
Este triângulo-retângulo de aparência pérfida, por nos levar a acreditar numa rigidez matérica inexistente, constitui, pelas suas dimensões antropomórficas, um outro que nos contempla, que nos imita, com uma denotada intenção de movimento. Uma sombra geométrica que se revela, perante nós. Há qualquer coisa de Giacometti aqui, a despeito da ausência aparente da metáfora.
Daniel Madeira
É esta a prática do contemporâneo: o afastamento do lado mais empírico da praticidade, do resultado final, certo e nominável.
Com a morte anunciada das disciplinas artísticas e o estabelecimento do dispositivo foucaultiano como denominador comum à criação artística, as hierarquias são quebradas em função de objetos (neste caso) capazes de remeter simultaneamente para diferentes campos, servindo-se das expansões e das crises para presentear o espectador com corpos mutantes como este: estranho à primeira vista, mas familiar pela ancestralidade. Afinal, a escultura e o desenho habitam a humanidade desde sempre.
Diogo Pimentão (Lisboa, 1973) procura, na sua obra, a cristalização do momento entre, do intersticial. Numa recusa por uma hierarquia estabelecida entre o bidimensional e o tridimensional, o artista opera entre o desenho e a escultura, oscilando entre o desenho escultórico e a escultura desenhada, sem atracar propriamente em nenhuma dessas definições. Num caminho denotadamente minimal, a obra deste artista convoca o corpo pela sua imanência — não o representando, depende dele.
Este triângulo-retângulo de aparência pérfida, por nos levar a acreditar numa rigidez matérica inexistente, constitui, pelas suas dimensões antropomórficas, um outro que nos contempla, que nos imita, com uma denotada intenção de movimento. Uma sombra geométrica que se revela, perante nós. Há qualquer coisa de Giacometti aqui, a despeito da ausência aparente da metáfora.
Daniel Madeira
Organização
CAPC – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
Produção
Daniel Madeira (coordenação)
Diana Santos
Assistência à produção
Ivone Antunes
Montagem
Jorge das Neves (coordenação)
Marco Graça
Texto
Daniel Madeira
Revisão
Carina Correia
Fotografia
Maria Bicker
Direção de arte – Design gráfico
João Bicker
Joana Monteiro
Design gráfico
Alexandra Oliveira
Programa educativo
Jorge Cabrera