«They found that he was so driven to create that he
spent most of his money, his meagre income as a janitor,
on having magazine illustrations
photographically enlarged, so he could trace them,
because he didn’t think that he was very good at
drawing. And this is fantastically moving – you know
that in the pre-Photoshop age, he had to go through this
elaborate process because he didn’t think he was good
at drawing.»
Grayson Perry acerca de Henry Darger, Reith Lectures 2013
O desenho por decalque assenta na certeza da coincidência do objecto/imagem com a coisa/imagem traçada sobre o papel. É um desenho do desenhador/espectador. O papel duplo desempenhado por quem se presta a proceder ao decalque de uma imagem é uma construção mediática (do meio, portanto ecológica) que se adivinha com o propósito de não alterar a realidade, ou seja, o desenho por decalque assim entendido procura não ser desenho, mas antes a transcrição literal de um mesmo para um mesmo. Ao decalcar cria-se um intervalo para a acção de desenhar, esperando transferir a imagem para uma nova superfície – numa translação perfeita (onde a projecção emudece o gesto).
O desenho por decalque deve ser o tipo de desenho que mais tranquilo deixa quem se julga excluído de um meio onde labora o equívoco da correspondência da expectativa com a projecção.
Nestes termos o desenho por decalque é sempre uma projecção, a imagem da expectativa sobreposta à acção de desenhar, manifestação do intervalo indesejado.
Hoje chamarei a este produto da acção de desenhar por decalque o desenho coincidência, onde as marcas sobre a superfície se adequam ao desejo do desenhador (penso que agora se torna claro o espectador no desenhador). O desenho coincidência é produto da coincidência da expectativa com a sua projecção, da substituição dos gestos do desenhador por um entendimento colectivo do que é o desenho por decalque que permite a validação da projecção e por conseguinte uma permanente actualização do desenho-imagem, ou seja, do desenho projectado.
O desenho coincidência faz-se quando uma pessoa “julga não ser muito boa a desenho” – paz e tranquilidade. É o desenho que harmoniza o tipo transformado em desenhador com as suas expectativas e receios.
Percebe-se que caminho a passos largos para um desenlace salvífico, o desenho por decalque como bóia de salvação.
— BÓIA
«They found that he was so driven to create that he
spent most of his money, his meagre income as a janitor,
on having magazine illustrations
photographically enlarged, so he could trace them,
because he didn’t think that he was very good at
drawing. And this is fantastically moving – you know
that in the pre-Photoshop age, he had to go through this
elaborate process because he didn’t think he was good
at drawing.»
Grayson Perry acerca de Henry Darger, Reith Lectures 2013
O desenho por decalque assenta na certeza da coincidência do objecto/imagem com a coisa/imagem traçada sobre o papel. É um desenho do desenhador/espectador. O papel duplo desempenhado por quem se presta a proceder ao decalque de uma imagem é uma construção mediática (do meio, portanto ecológica) que se adivinha com o propósito de não alterar a realidade, ou seja, o desenho por decalque assim entendido procura não ser desenho, mas antes a transcrição literal de um mesmo para um mesmo. Ao decalcar cria-se um intervalo para a acção de desenhar, esperando transferir a imagem para uma nova superfície – numa translação perfeita (onde a projecção emudece o gesto).
O desenho por decalque deve ser o tipo de desenho que mais tranquilo deixa quem se julga excluído de um meio onde labora o equívoco da correspondência da expectativa com a projecção.
Nestes termos o desenho por decalque é sempre uma projecção, a imagem da expectativa sobreposta à acção de desenhar, manifestação do intervalo indesejado.
Hoje chamarei a este produto da acção de desenhar por decalque o desenho coincidência, onde as marcas sobre a superfície se adequam ao desejo do desenhador (penso que agora se torna claro o espectador no desenhador). O desenho coincidência é produto da coincidência da expectativa com a sua projecção, da substituição dos gestos do desenhador por um entendimento colectivo do que é o desenho por decalque que permite a validação da projecção e por conseguinte uma permanente actualização do desenho-imagem, ou seja, do desenho projectado.
O desenho coincidência faz-se quando uma pessoa “julga não ser muito boa a desenho” – paz e tranquilidade. É o desenho que harmoniza o tipo transformado em desenhador com as suas expectativas e receios.
Percebe-se que caminho a passos largos para um desenlace salvífico, o desenho por decalque como bóia de salvação.
— BÓIA
Organização
Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
Produção
Cláudia Paiva
Mariana Abrantes
Secretariado
Ivone Antunes
Direção de Arte
Artur Rebelo
Lizá Ramalho
João Bicker
Design Gráfico
unit-lab, por
Francisco Pires e Marisa Leiria